Nuno Dias concedeu recentemente uma entrevista ao site Idealista/news, que aqui reproduzimos:
Madre Imobiliário: “Portugueses representam a maioria dos nossos clientes”
Nuno Dias, diretor geral da Madre Imobiliário, fala ao idealista/news sobre a atividade e os projetos da empresa, integrada no Grupo Madre.
Versatilidade é uma palavra que encaixa na perfeição na atuação do Grupo Madre, que foi fundado em 1983. “Teve a sua génese na indústria metalomecânica, mas o imobiliário esteve sempre presente e em constante crescimento”, conta Nuno Dias, diretor geral da Madre Imobiliário, ao idealista/news. “Estamos capacitados para desenvolver qualquer atividade imobiliária, sempre numa ótica de permanente inovação e adaptação a um setor marcadamente dinâmico”, acrescenta, salientando que “os portugueses representam ainda a maioria dos clientes” da empresa.
O imobiliário é, de resto, uma das cinco unidades estratégicas de negócio do grupo, a par do turismo, do entretenimento, do capital e do internacional. Uma reestruturação levada a cabo no Grupo Madre que permitiu “continuar a crescer com maior sustentabilidade e consolidar a projeção” da estrutura nos vários mercados onde atua. “Estamos presentes em todas as operações imobiliárias das unidades de negócio do Grupo, do Turismo com a Marca AP Hotels & Resorts à Horticultura com a Marca Agrivabe, procurando as melhores soluções técnico-económicas para uma grande diversidade de projetos. A nível internacional, o setor imobiliário marca presença na Colômbia, Brasil e Espanha, procurando, em qualquer geografia, vincar a missão, visão e valores do grupo”, revela Nuno Dias.
Segundo o responsável, 95% dos projetos com a marca Madre Imobiliário “são no segmento residencial, nomeadamente loteamentos e edifícios de apartamentos”. “Internacionalmente estamos a atuar no segmento de luxo na zona da ‘Golden Mile”’ em Marbella, Espanha, e no Brasil, com algumas centenas de apartamentos em condomínios de segmento médio”, adianta.
Segundo se lê no site da Madre Imobiliário, a empresa resultou da cisão da MADRE SGPS em cinco novas holdings do Grupo Madre. Fale-nos um pouco sobre esse processo?
A cisão marcou o início do ambicioso processo de reorganização do universo Madre, que vinha sendo preparado há algum tempo dado o número de empresas envolvidas e a diversidade de setores em que o grupo atua. Ser parte ativa deste processo enche-nos de orgulho, porque conseguimos adaptar a estrutura organizativa à realidade atual dos mercados, mantendo os valores intrínsecos à fundação do grupo, cujo corolário é a excelência do serviço. O desafio ganhou ainda maior escala por termos decidido mantê-lo perante o inusitado surgimento de uma pandemia cujas consequências todos conhecemos.
Com a clarificação da estrutura empresarial do grupo, organizando-o em cinco unidades estratégicas de negócio – Turismo, Imobiliário, Entretenimento, Capital e Internacional –, pretendemos continuar a crescer com maior sustentabilidade e consolidar a nossa projeção nos vários mercados onde atuamos. Este processo foi ainda complementado pelo ‘rebranding’ da marca e uma atualização tecnológica transversal a todas as áreas de negócio.
Há quanto tempo está no mercado a Madre Imobiliário? Que atividades desenvolve em concreto?
A fundação do Grupo Madre, em 1983, teve a sua génese na indústria metalomecânica, mas o imobiliário esteve sempre presente e em constante crescimento. Atualmente procuramos, a par do processo de reorganização, consolidar a nossa presença no mercado, apostando numa estrutura de recursos humanos altamente competente e motivada. Posso por isso assumir que estamos capacitados para desenvolver qualquer atividade imobiliária, sempre numa ótica de permanente inovação e adaptação a um setor marcadamente dinâmico.
Qual é o negócio ‘core’ da empresa e qual a estratégia a seguir?
Tenho duas respostas: acrescentar valor e antecipar tendências. No fundo o que procuramos é acrescentar valor a todos os nossos projetos, eventualmente a diferença face a outros ‘players’ do mercado está na abordagem do conceito em si. Para nós acrescentar valor é conseguir que todos ganhem, é também por isso que tentamos alinhar todos os projetos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, porque achamos que só assim faz sentido. Por outro lado, investimos na antecipação de tendências, tentamos que os nossos ativos consigam responder à realidade do mercado hoje e amanhã, procuramos a distinção com discrição.
Além desta atuação ‘core’, estamos presentes em todas as operações imobiliárias das unidades de negócio do Grupo, do Turismo com a Marca AP Hotels & Resorts à Horticultura com a Marca Agrivabe, procurando as melhores soluções técnico-económicas para uma grande diversidade de projetos.
A nível internacional, o setor imobiliário marca presença na Colômbia, Brasil e Espanha, procurando, em qualquer geografia, vincar a missão, visão e valores do grupo.
“95% dos nossos projetos são no segmento residencial, nomeadamente loteamentos e edifícios de apartamentos. Relativamente ao “ponto de desenvolvimento” temos, para ambas valências, ativos em fase de definição de conceito, projeto e comercialização”
Que tipo de empreendimentos/imóveis está a promover a Madre Imobiliário? São sobretudo do segmento residencial?
Sim, 95% dos nossos projetos são no segmento residencial, nomeadamente loteamentos e edifícios de apartamentos. Relativamente ao “ponto de desenvolvimento” temos, para ambas valências, ativos em fase de definição de conceito, projeto e comercialização.
Quantos são e em que zonas do país estão localizados?
A nível nacional, temos as operações concentradas no Algarve e Grande Lisboa. No Algarve estamos a desenvolver os projetos de dois loteamentos e a comercializar outros dois, estamos ainda na fase de comercialização de apartamentos com a nossa participada Ipsum-Invest e com construção própria de edifícios para habitação no Concelho de Tavira. Contamos iniciar em breve a construção de um novo complexo de apartamentos, em primeira linha da Ria Formosa, com a participada Cesarius e em ‘pipeline’ temos ainda um edifício de habitação exclusivo, no centro de Faro.
Em Lisboa estamos com dois projetos em curso, na Rua General Leman e Avenida Visconde Valmor, com a Ipsum-Invest, e outros tantos em fase de licenciamento.
Em Arruda dos Vinhos, onde está localizada também a produção vitivinícola do grupo com a Marca Quinta de São Sebastião, desenvolvemos atualmente um loteamento para moradias e, já licenciada, está a renovação de um edifício na Rua Cândido dos Reis.
Internacionalmente estamos a atuar no segmento de luxo na zona da ‘Golden Mile”’ em Marbella, Espanha, e no Brasil com algumas centenas de apartamentos em condomínios de segmento médio.
São imóveis destinados a que tipo de público?
Queremos acrescentar valor para todos e a nossa oferta traduz esse princípio. Estamos a projetar habitação a custos controlados, integrada num dos nossos loteamentos, e simultaneamente em fase de lançamento de um complexo de apartamentos de gama alta em primeira linha da Ria Formosa. É também o que nos distingue, não trabalhamos para um segmento em concreto, abordamos qualquer projeto com a mesma atitude disruptiva e diferenciadora.
“Estamos a projetar habitação a custos controlados, integrada num dos nossos loteamentos, e simultaneamente em fase de lançamento de um complexo de apartamentos de gama alta em primeira linha da Ria Formosa. É também o que nos distingue, não trabalhamos para um segmento em concreto, abordamos qualquer projeto com a mesma atitude disruptiva e diferenciadora”
Há muitos portugueses a comprar? Qual a percentagem face aos compradores estrangeiros? Houve alteração na proporção com a pandemia?
Os portugueses representam ainda a maioria dos nossos clientes, nos últimos anos caminhávamos para um equilíbrio entre os investidores nacionais e internacionais, mas essa tendência foi contrariada pela pandemia. Internacionalmente, e relativamente aos países emissores, não prevemos grandes alterações com prevalência dos mercados do Norte da Europa e Grã-Bretanha e França, prevemos ainda assistir a um reforço do investimento chinês numa tentativa de colocação de capital fora do epicentro da crise pandémica.
Em termos de volume de negócios, como correu o ano de 2020, quando comparado com 2019? Sentiram de alguma forma o impacto causado pela pandemia?
O ano de 2020 perspetivava-se como um ano de elevado crescimento para o imobiliário, mas a pandemia e as restrições impostas acabaram por contrariar as nossas expetativas, bem como a de todos os operadores do mercado. No entanto, a forma como encarámos a “surpresa” Covid-19, aproveitando a fase de confinamento para uma reflexão profunda e adequação estratégica, acabaram por se traduzir numa recuperação considerável no segundo semestre do ano. Mantivemos todos os projetos em curso e o volume de vendas ficou ligeiramente abaixo do inicialmente previsto, pesando todos os fatores o balanço foi bastante positivo.
Sentimos que, mesmo utilizando ferramentas tecnológicas de ponta, a maioria dos negócios só se concluem após uma visita ao local e alguma vivência por parte dos clientes.
“Os portugueses representam ainda a maioria dos nossos clientes, nos últimos anos caminhávamos para um equilíbrio entre os investidores nacionais e internacionais, mas essa tendência foi contrariada pela pandemia”
E o ano de 2021 como arrancou? Quais as expectativas da Madre Imobiliário para este ano?
O que entendemos como recuperação do mercado está a acontecer a um ritmo mais lento do que inicialmente prevíamos, esperamos uma recuperação significativa do mercado internacional a partir do segundo semestre, mas no que toca ao mercado nacional julgo que assistiremos a alguma estagnação motivada pelas ondas de choque da pandemia que consubstanciam a redução do poder de compra, dificuldade no acesso ao crédito e sentimento de incerteza.
Têm previstos novos projetos?
Estamos em fase de desenvolvimento de novos projetos em Lisboa e Faro, que pretendemos manter. Apesar de Portugal não ter sido tão bem-sucedido no controlo da segunda vaga, continua a ser um destino de excelência com inúmeros fatores de atratividade, e estou certo de que surgirão até ao final de 2021 boas oportunidades de investimento.
Pensam entrar no negócio do ‘build to rent’?
É uma nova realidade cada vez mais presente no mercado imobiliário, que tem conhecido um desenvolvimento considerável em vários países europeus e que continuaremos a acompanhar. Parece-nos, no entanto, que existe ainda um caminho a percorrer para que se constitua um atrativo por excelência.
Os últimos anos do mercado habitacional foram marcados por uma tendência de vivência de proximidade, com uma maior densidade de ocupação dos espaços que está diretamente relacionada com o envelhecimento da população e com as dificuldades de acesso ao crédito. A especificidade desta crise poderá conduzir à inversão dessa tendência, uma vez que potencia os riscos de contágio, nomeadamente nas residências sénior, estudantis, e coabitação com renda partilhada. Os investimentos imobiliários nestas áreas necessitarão de uma atenção particular com a introdução de processos de mitigação do risco associado.
“(…) Surgirão até ao final de 2021 boas oportunidades de investimento. (…) O imobiliário continua a caracterizar-se por uma forte resiliência face às crises em geral”
Que ilações há a retirar da crise pandémica para as atividades nas quais se insere a Madre Imobiliário?
Atualmente ninguém duvida que haverá uma forma de vida antes e depois da Covid-19, que o maior impacto deste vírus será nas pessoas e na forma como elas se relacionam, trabalham e vivem. O nosso sucesso será medido pela capacidade de adaptação ao novo contexto imobiliário.
O perfil de compradores mudou ou está a mudar com a pandemia? Que casas se procuram mais agora? E onde?
A pandemia acabou por acelerar a inversão da tendência para fixação junto dos grandes centros urbanos. Atravessamos eventualmente o maior período de teletrabalho da história, as empresas a desenvolverem em contrarrelógio políticas, processos e tecnologia que facilitam a mobilidade profissional dos seus quadros, o que se traduz numa procura por ativos em zonas outrora desconsideradas. O confinamento acaba por valorizar a disponibilidade de espaço e a possibilidade de um contacto direto com a natureza só possíveis fora dos aglomerados.
O imobiliário continua a ser um ativo interessante para os investidores? Porquê?
Sim, continua a apresentar taxas de retorno atrativas e menor volatilidade se comparado com os mercados de ‘equities’ e ‘commodities’ e mesmo com os títulos de divida soberana. Apesar dos efeitos da quebra de confiança dos consumidores com reduções significativas de procura, motivadas não só pelo sentimento de incerteza, mas pelos condicionalismos à mobilidade, que conduziram também a um adiamento do investimento estrangeiro ao qual Portugal está particularmente exposto, o imobiliário continua a caracterizar-se por uma forte resiliência face às crises em geral.
“A pandemia acabou por acelerar a inversão da tendência para fixação junto dos grandes centros urbanos. (…) O confinamento acaba por valorizar a disponibilidade de espaço e a possibilidade de um contacto direto com a natureza só possíveis fora dos aglomerados”
Os preços das casas continuam a aumentar, embora de forma mais lenta. A tendência vai manter-se este ano?
Acredito que existem algumas localizações em que ainda se manterá essa tendência, se bem que de forma mais contida. Em termos globais, no entanto, julgo que tenderemos para uma estabilização dos valores de mercado por via do aumento da oferta e alteração do perfil de investidor.
29 de abril de 2021