

Portugal figura numa posição de destaque na produção de novelas (títulos com mais de 52 episódios), no contexto europeu da ficção televisiva, entre os 10 países que mais produzem. A SP Televisão posiciona-se em 7.º lugar dos 20 produtores europeus de ficção televisiva, em número de horas (com um total de 436) em 2019, o ano em que criou as novelas Terra Brava e Nazaré, para a SIC e a 4.ª temporada da série Conta-me como Foi para a RTP.
Os dados são do Observatório Europeu do Audiovisual, do Conselho da Europa, e constam do Rela-tório sobre a Produção de Ficção Audiovisual na União Europeia no período 2015-2019, edição de fevereiro de 2020, divulgado a 8 de abril passado.
Outros países em que as novelas de longa-duração predominam, além de Portugal, são a Hungria, a Grécia e a Espanha. Na distribuição dos géneros por países de origem, as séries de alta qualidade e elevado orçamento têm origem principalmente no Reino Unido, na Alemanha e em França, e os telefilmes na Alemanha, França e Itália.
Nos países da União Europeia produziu-se, no período em apreço, em média, por ano, cerca de mil títulos, 19.300 episódios e 12.500 horas, com a Alemanha a liderar em todos os géneros tidos em conta no relatório, em número de títulos e de episódios. Outra conclusão foi de que a produção televisiva cresceu entre 2016 e 2018, crescimento esse movido pelas séries de 2 a 13 episódios. Porém, o número de episódios e horas decaiu em 2019.
E, se as telenovelas de longa duração consistem em 8% dos títulos, as horas deste género correspondem a 59% do total. Entre os dados principais do relatório, sabe-se ainda que a duração média de cada episódio da maioria dos títulos ultrapassa os 36’. Entre os países líderes na produção de ficção, figuram os maiores produtores de novelas (Polónia, Portugal ou Hungria, em episódios, e Portugal, Polónia ou Grécia, em horas).
Já o país líder em séries de 2 a 13 episódios foi o Reino Unido (em títulos, episódios e horas) e, no período analisado, num processo com a produção em crescimento, o que se verificou também em Espanha, Polónia, Suécia ou Portugal.
O relatório destaca ainda a produção independente (aquela que é criada por uma companhia que não é detida pela estação difusora que encomenda a produção), no sentido em que corresponde à maioria dos títulos e de horas realizadas. Fica a saber-se, por outro lado, que as estações privadas investem mais em novelas de longa-duração.
No contexto da produção europeia, em termos globais, também assumem destaque as co-produções internacionais. Outro dado-chave refere-se ao número de profissioais envolvidos, que ascendem a 10 mil guionistas e 4400 realizadores.
O relatório teve em conta a União Europeia a 28, ainda com o Reino Unido e anterior ao Brexit. Para se perceber a abrangência deste estudo, o documento tem por base os European Metagroup Data, entidade que procedeu a uma análise sistemática da programação de 176 canais televisivos e de serviços on-demand, de forma a identificar a produção europeia original. Os dados do European Metagroup Data foram complementados pelo Observatório Europeu do Audiovisual. O estudo teve em conta outras fontes, como o IMDB, para identificar realizadores de ficção audiovisual, assim como a base de dados do Observatório Lumière.
12 de abril de 2021