Carlos Moedas inaugurou oficialmente Ah Amália

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, inaugurou oficialmente Ah, Amália – Living Experience, com o descerramento de uma placa no átrio deste espaço cultural, no passado dia 6 de outubro, quando se cumpriram 25 anos sobre a morte da artista.

Ah, Amália – Living Experience, a única ‘biografia imersiva’ dedicada a um ícone português, está situado em Lisboa, no edifício dos antigos armazéns Abel Pereira da Fonseca, no enquadramento vibrante de Marvila, onde em meados do século XIX se situava o coração industrial de Lisboa. Tornado uma nova centralidade da capital, o bairro, junto à zona ribeirinha, tem acolhido, nos últimos anos, uma movida dinamizada por um público com hábitos culturais exigentes e que se propõe manter-se atualizado, e ali surgiram restaurantes, lojas, galerias e outros espaços culturais, recuperando antigos edifícios industriais, entretanto devolutos.

Este espaço museológico inovador já se encontrava aberto ao público desde maio deste ano, e decorre de uma iniciativa da SP Entertainment, empresa do Grupo SP Televisão, presidido por António Parente, em parceria com a Fundação Amália Rodrigues. Centra-se na figura da fadista (1920-1999), cuja carreira foi marcada pelo talento, pela inovação e pela ousadia. O acervo está dividido por oito salas, com uma área de 700 m2, nas quais o público pode conhecer ou recordar a diva do fado, não apenas pela música e os seus temas mais emblemáticos, como pela ampla documentação, quer em texto ou fotografia que exibe, além da iconografia, constituída por objetos de uso pessoal.

Recusando expôr o valiosíssimo acervo de que dispõe de forma convencional, propõe-se surpreender o visitante e espectador ao longo destes espaços, dotados de conceitos distintos e graças à tecnologia hoje disponível em museus e espaços de exposição. Num deles, numa projeção a 360 graus, pode-se acompanhar o percurso da artista, e os vários géneros musicais que cultivou, ou ainda, no acolhedor auditório, assistir a uma atuação de Amália, graças ao recurso a um holograma, com dois dos seus temas mais emblemáticos. A fechar o circuito que conduz o visitante, uma coleção de vestidos e outras peças de roupa, joias e demais adereços de Amália, a par de fotografias da cantora com diversas figuras públicas, de políticos a artistas, onde vemos Pedro Almodovar, numa imagem captada do realizador ainda jovem num abraço à fadista.

Data simbólica, o 6 de outubro celebrou Amália, cujo percurso ímpar levou a que fosse a primeira mulher sepultada no Panteão Nacional. Para tal, o programa contou com diversos contributos, tanto de caráter institucional, a exemplo do acolhimento dos presentes por Sofia Moura, diretora geral da SP Entertainment, lembrando a relevância de Amália para a identidade nacional, e a intervenção de Luís Andrade. O administrador da Fundação Amália Rodrigues sublinhou o perfil inovador e multifacetado da artista, ao abrir para o fado as grandes salas de espetáculos, quando este género musical, até então, era ouvido no restrito circuito das casa de fado. Também o facto de ter conquistado para o fado grandes poetas da língua portuguesa, de Camões a Pedro Homem de Melo, passando por David Mourão-Ferreira, entre outros.

Sublinhando o contributo deste espaço para a agenda cultural da cidade, Carlos Moedas recordou, por sua vez, a sua experiência e orgulho, quando estudante em Paris, ao saber -se, na altura, que o conhecido produtor musical e compositor Bruno Coquatrix abriu as portas do Olympia, na capital francesa, o palco mais prestigiado da Europa, da qual era proprietário, a Amália. Convidou-a mesmo a fazer carreira internacional a partir daquela cidade. Porém, recordou ainda o autarca, Amália recusou este desafio, preferindo continuar o seu percurso a partir de Lisboa, por todo o país e igualmente pelo mundo, o que a levaria até Hollywood. A menção à profícua relação artística entre o compositor luso-francês Alain Oulman e a cantora, que marcou profundamente a carreira de Amália, não podia faltar.

A testemunhar o legado de Amália e o retrabalhar dos seus temas por músicos contemporâneos, a embaixadora de Ah Amália Sónia Tavares, que integra a iniciativa Amália Hoje, revelou a vertente pop que lhe reconhece. A outra embaixadora da iniciativa, Cuca Roseta (na foto), por seu turno, escolheu integrar o programa com os temas Fado Malhoa (Frederico Valério / José Galhardo) e Foi Deus (Alberto Janes), em versões muito pessoais.

Do programa fez ainda parte a prestação musical de alunos da licenciatura em Guitarra Portuguesa da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco: Joel Santos, Joana Teixeira e Tiago Oliveira, acompanhados por Custódio Castelo, professor destes e um dos grandes guitarristas da atualidade que terá privado e chegado a tocar com Amália Rodrigues.

E como é consensual que Amália vive, não apenas pelo apreço que o público de várias gerações lhe dedica, como pela atenção que novas gerações de músicos votam aos seus temas, Ah Amália – Living Experience, num convite aos visitantes, dispõe de uma promoção especial durante o presente mês, com bilhetes a 12 euros.

 

9 de outubro de 2024